Lota de Macedo Soares

Trilha sonora:

De Adriana Berger, especial para o www.odia dobrasil.com:

LotaEsquecida nas celebrações dos 450 anos do Rio de Janeiro. Esquecida no Dia Internacional da Mulher. Lota de Macedo Soares continua na memória e no coração dos que a conheceram. E se não fossem o fanatismo ideológico e os dogmas que embaçam o Saber ela seria conhecida pelas novas gerações de mulheres e homens do Brasil.

Maria Carlota de Macedo Soares nasceu em Paris, 16/03/1910. E morreu em Nova York. Mas, toda a sua obra de mulher verdadeiramente guerreira aconteceu no Rio de Janeiro onde seu pai era dono do combativo jornal O Diário Carioca.

O maior aterro urbano do mundo

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Depois de cursos no Museu de Arte Contemporânea de Nova York, Lota foi convidada pelo governador Carlos Lacerda (1960-1965) para o desafio de sua vida: construir o maior aterro urbano do mundo. No Flamengo.

Quebrando preconceitos, vestindo calças jeans, dirigindo um conversível, metendo a mão na massa, enfrentando os tubarões das negociatas imobiliárias que queriam mais uma selva de pedra à beira mar Lota viveu duas paixões: a construção do Aterro/Parque e a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop com quem passou quinze anos de paixão, brigas, idas e voltas.

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Na casa modernista, vidro e aluminio, no pé do morro da Samambaia, Petropólis, Lota e Elizabeth viveram dias de harmonia. Recebiam escritores, poetas, arquitetos, paisagistas. O compromisso e a paixão pela obra do Aterro faziam Lota descer a serra, demorar dias no Rio, deixando Elizabeth carente, timida, sozinha. Veio o rompimento.

O governador Carlos Lacerda afastou-se dos generais da ditadura e foi para o exílio onde já estavam João Goulart e JK. Por não pertencer a grupos políticos, ideológicos, por seu pai José Eduardo de Macedo Soares ter combatido Getulio Vargas, a velha esquerda seguindo a cartilha stalinista de rasgar fotos e páginas, tirou o nome de Lota da história. Os mobilizados e militantes “ideológicos” de hoje não a conhecem.

images0OQ49IK2È claro que o paisagista Burle Marx desempenhou papel importante na obra gigantesca. E seu nome foi passando como o idealizador do Aterro do Flamengo. Mas, antes de sua morte Carlos Lacerda esclareceu:
“A autoria do projeto do Parque do Flamengo pertence a ela que morreu sem o parque, que lhe foi tomado pela politicagem e a chicana. Mas o que fica do parque, se ele existe, se deve àquela miúda e franzina criatura, toda nervos, toda luz, que se chamou Dona Lota”.

Deprimida, isolada, banida da literatura, das noticias, Lota foi rever Elizabeth Bishop que a recebeu no aeroporto e no dia seguinte cedinho a encontrou agonizante depois de tomar uma over dose de antidepressivo. Lota de Macedo Soares morreu em Nova York no dia 25/09/1967.

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Do livro de Carmen Lucia Oliveira Bruno Barreto dirigiu o filme Flores Raras. Merecida homenagem à Mulher corajosa, autodidata, paisagista, urbanista, arquiteta, desbravadora. O carioca que desfruta do Aterro do Flamengo, o brasileiro que visita aquela beleza na Baia da Guanabara, não devem jamais esquecer Lota de Macedo Soares!

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*Jota Alves fundou o jornal The Brasilians e criou o Dia do Brasil em Nova York. Foi Secretário de Governo em Mato Grosso. Edita www.oreporternahistoria.com.br e www.diadobrasil.com.br