Trilha sonora:
Copa & Cozinha
Na Copa, o Fuleco se fu. A mascote nem no palco da Abertura subiu. A terceirizada da FIFA fabricou 600 mil bonecos. Muito encalhe. Oferece levar três e pagar por dois. FIFA/CBF/GOVERNO abandonaram o tatu. A oferta da FIFA para o projeto do animal ameaçado de extinção foi vergonhoso/recusado.
Na Cozinha, nenhum índio na TV, telão, arquibancada. Comunidades indígenas credenciadas pela FUNAI e o Comitê Intertribal receberam dois mil ingressos.
Na Copa, o turismo em São Paulo se deu bem com 350 mil turistas. Espera-se um total de 500 mil no dia 9, último jogo no Itaquerão. Os argentinos lideram com 32% do total. Bares, restaurantes, hotéis, pensões, deram-se bem. O comércio varejista reclama. Tendo que dispensar empregados e fechar mais cedo o movimento caiu 70% nas lojas. 79% dos turistas brasileiros na capital de SP são do interior.
Na Cozinha, escândalo com venda de ingressos. Fofona é o cara que liderou o esquema dentro da FIFA que borrifou em jogadores, Comissão Técnica. A quadrilha criou ONG para receber a cota de deficientes, operários construtores das arenas, familiares, convidados de jogadores. O QG era no Copacabana Palace. Faturavam R$ 1 milhão por jogo. para a final no Maracanã já se fala em $100 mil por ingresso.
Na Cozinha, Neymar posou com Patrícia Jordane para a revista Play Boy. Mais tarde, entrou com liminar proibindo a circulação da edição. A revista derrubou a ação.
Na Copa, arigatô Japão, pelo exemplo. Depois da derrota diante da Costa do Marfim jogadores japoneses coletaram o lixo no estádio do Recife: “Somos responsáveis pelo meio-ambiente. Não importa onde ou quando”. Nenhum especial da TV Globo sobre essa atitude exemplar. Os argelinos doaram o cachê recebido. Os gregos também.
Na Cozinha, muito álcool. Muita garota bêbada com “vinho químico” e chup-chup, cachaça com limão em canudinho. A Vila Madalena/SP ficou arrasada com lixo, urina, fezes, brigas. Muita gente. Sem organização e segurança.
Na Copa, a Associação de Prostitutas do Ceará reclama dos chefões da polícia de Fortaleza. O “filé” é trabalhar na Avenida Beira Mar onde ficam alemães, ingleses, franceses, suíços, belgas. “Sacanagem proibir as nossas de circular por lá. Fomos enxotadas para as Ruas e becos paralelos. Para dar lugar às garotas de fora que chegavam de carro com motorista”.
Na Cozinha, o governo e a presidente lambem as mãos com a chance real de a seleção levar o Hexa. Mesmo assim, Dilma não quer se arriscar com vaias no Maraca. Quem entregará a taça ao campeão? E se na última hora o jogo virar a seu favor. No lugar de vaias, vivas? Quem não se arrisca não petisca.
Na Copa, o povão ficou fora das arenas super faturadas. A “classe média” criada pelo governo e embelezada pela TV Globo não pode pagar o preço dos ingressos da Copa mais rica, mais gastadora e lucrativa de todas. No Mineirão: negros nos jogos 4%. Torcedores da classe C 9%. Da B, o maior contingente, 61%. Classe A 29%. Homem 75%. Mulher 25%.
Na Cozinha, 41% da população, parda. 39% se diz branca. 15% preta.
Na Copa, segue a polêmica Maradona X Pelé. Os argentinos em peso gritam que o deles é melhor que o nosso. Para repicar fizeram música "Se você é argentino, diga então como é que é… Ter somente duas Copas, uma a menos que o Pelé!".
Na Cozinha, tem obra de mobilidade despencando, matando, ferindo gente. Imagina a tragédia em Belo Horizonte se o viaduto caísse em dia de jogo da seleção? A alça do Viaduto Guararapes em cima da Avenida Pedro I, bairro São João Batista, na Pampulha, uma via das mais movimentadas de BH. A obra faz parte do alargamento das pistas para o Move/Bus Rapid Transit(BRT),
Na Copa, a Rússia corre risco de perder o evento. Cresce a pressão contra a intervenção na Ucrânia. Se a guerra deslanchar pode atingir outras províncias. Fala-se em transferir a Copa para a Suécia. Copa, sem guerra, sem sangue!
Na Cozinha, os baianos ganharam dos cariocas. Na Abertura, Claudia Leitte. No Encerramento da Copa, Ivete Sangalo. Os grandes nomes do samba foram postos para escanteio.
Na Copa, chorar ou não chorar, ao ouvir e cantar o Hino Nacional? Perguntem aos que promovem e divulgam as boas coisas que o brasileiro tem a oferecer ao mundo. Hino/Bandeira/Seleção de futebol/ não pertencem a governo!
Na Cozinha ficará Neymar. "O exame de tomografia que foi feito mostrou fratura no processo transverso no nível da terceira vértebra. Não precisa de tratamento cirúrgico, mas precisa de imobilização para controle da dor e não vai ter condição de jogar".
"Uma semana não vai ser suficiente. Mas a consolidação da lesão costuma ser boa. São semanas com a cinta para passar a dor”. O colombiano Zuniga pediu mil desculpas pelo ocorrido".
Uma capa histórica
Criador e editor do jornal The Brasilians eu fui ao aeroporto Kennedy receber Pelé. Todos nós celebramos o contrato que ele assinou para jogar no Cosmos e incrementar o soccer USA. O escritório de seus empresários era no Rockfeller Center a poucos metros da Rua 46 onde já havíamos hasteado a primeira bandeira do Brasil.
Na onda Pelé o Cosmos contratou famosos do futebol internacional. Todo sábado havia um racha no Central Park com craques famosos. Colégios e universidades introduziam o soccer no currículo esportivo. Nasciam as escolhinhas de futebol.
O Carnaval do Brasil no mundialmente famoso Waldorf Astoria Hotel constava da agenda dos melhores eventos da cidade. Turistas, aos milhares, frequentavam restaurantes, bares, lojas, da Rua 46, vibrante de alegria e sons brasileiros.
A mesma Rua 46 onde numa explosão de alegria e de liberdade em 1985 nasceu o Brazilian Day. O primeiro eu o dediquei ao mineiro Tancredo Neves, paladino da democracia.
Bolei uma capa do jornal com Welcome Pelé. Faltava a legenda. Paulo Nascimento, jornalista na ONU, matou a charada com uma frase curta e certeira: The teaching begins. No Brasil, ditadura militar. Quem se aventurava ao exterior era mal visto: “ame-o ou deixe-o”. Na imprensa e nos partidos a turma da “esquerda” via com ódio de “classe” os que faziam sucesso nos Estados Unidos. O rancor "ideológico" continua.
Pelé, de tantos gols para o torcedor. De vitórias para a seleção brasileira. Passou a ser “um fim de carreira que se vendeu ao imperialismo ianque”. Ele deu a volta por cima. Lotava estádios. Fazia comerciais. Dava entrevistas nos principais programas da TV americana. Fez filme com Silvester Stallone, o grande astro do momento (Rocky, Rambo). Foi coroado Rei do Futebol.
E com ele, o nome e a boa imagem do Brasil exemplarmente divulgados.
Na Despedida de Pelé do Cosmos.
Levamos Leonel Brizola ao jogo despedida de Pelé. O caudilho gaúcho depois de anos no exílio chorou ao ouvir o Hino Nacional. E eu também. Ele voltou para o Brasil. Foi eleito, duas vezes, governador do Rio de Janeiro.
A capa do The Brasilians fez/faz história nos Estados Unidos. Está em arquivos, bibliotecas, nas escolhinhas de futebol. No Brasil, foi ignorada. Recentemente, durante a Copa do Mundo, um curador de museu a viu. Ficou maravilhado com o achado oportuno.
Nesse clima de futebol, com a ida de Kaká para o Orlando City dando sequencia ao trabalho iniciado por Pelé, estarei doando o original da capa, guardado com esmero e carinho há 39 anos. È fotografia de uma história de sucesso. Faz parte da história do futebol. Faz parte de minha vida in the USA. (Jota Alves)
BRASIL X ALEMANHA
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